Um mergulho na história Argentina em 3 museus de Buenos Aires

Venha dar um mergulho na história Argentina em 3 museus de Buenos Aires com a Cintia do Entre Mochilas e Malinhas nesse Wanderlust Convida de Buenos Aires.

Acho que cada pessoa tem uma visão diferente de cada destino. Por isso criei o Wanderlust Convida, para que amigos ou blogueiros contem de suas experiências. A convidada para falar de Buenos Aires é a Cintia do blog Entre Mochilas e Malinhas.

Um mergulho na história Argentina em 3 museus de Buenos Aires

Com muita alegria, aceitei o convite da Giulia para escrever um pouco sobre Buenos Aires. Embora eu escreva majoritariamente sobre viagens em família no meu blog Entre Mochilas e Malinhas, essa viagem à Argentina foi a dois, para comemorar 10 anos de relacionamento com meu marido.

Nós dois gostamos muito de viajar e carregamos nossas malinhas, ops, filhos, para todo lugar. Mas foi a primeira vez que fizemos uma viagem mais longa sem as crianças. Apesar de sentirmos falta deles, foi ótimo poder fazer os programas num ritmo mais adulto. E por isso escolhi escrever aqui um pouco sobre o que aprendi de História da Argentina visitando três lugares muito especiais em Buenos Aires, que tive a chance de ver em detalhes.

Ao contrário do Brasil, que teve sua capital alterada na década de 60, a Argentina manteve sua capital intocada desde antes da independência. Por isso, dentro de um perímetro bem pequeno (a Plaza de Mayo), é possível aprender muito sobre a sua história visitando três lugares: o Cabildo, uma espécie de prefeitura da época pré-independência, hoje um museu que descreve em detalhes a vida ali no período colonial; a Casa Rosada, que não é propriamente um museu e sim a sede do governo federal, mas que pode ser visitada e tem todas as características de um museu; e o Museo Casa Rosada, antigo Museo del Bicentenario, que preserva as antigas ruínas da primeira fortificação da cidade e conta a história da república argentina de maneira muito didática, com um acervo impressionante de peças. Todos três têm entrada gratuita.

Cabildo

Recomendo começar pelo Cabildo, uma construção relativamente modesta, do lado oposto à Casa Rosada. O nome oficial dele é Museo Nacional del Cabildo y la Revolución de Mayo, e o prédio original data do século XVI, tendo sofrido várias modificações ao longo dos anos. Em 1940 foi restaurado e desde então aberto como museu.

Mas afinal, o que era um cabildo? Era um misto de prefeitura, tribunal e prisão, com a finalidade de representar a cidade ou região perante a metrópole, durante o período colonial. O cabildo de Buenos Aires ganhou muita importância por representar a região do Vice-Reino do Rio da Prata e por ter sido o local onde se iniciou a Revolução de Maio de 1810, um passo importantíssimo para a independência da Argentina – proclamada oficialmente em 1816 mas só reconhecida pela Espanha em 1859 – e de outros países de colonização espanhola.

O acervo do Cabildo em Buenos Aires é impressionante e muito didático. Conta como era a região antes da chegada dos espanhóis, a importância dos jesuítas, as principais lideranças, as desavenças (sempre tem, não é?), as conspirações que resultaram na Revolução de Maio e como foi a interação entre os diferentes países que também estavam sob o império espanhol.

Tudo ricamente ilustrado com painéis contando os detalhes, muitos objetos e móveis originais, documentos oficiais, mapas de Buenos Aires na época colonial, brasões, as diferentes moedas ao longo do tempo… Há também curiosidades, como um registro de aviso aos principais líderes da cidade para colocar as mulheres em seu devido lugar – no caso, em casa – pois elas estavam se metendo demais na política e se desviando dos assuntos domésticos. Dá para aprender muito ali, pois nós brasileiros pouco aprendemos na escola sobre as colônias espanholas e seus processos de independência.

Casa Rosada

Exatamente do lado oposto da Plaza de Mayo fica a Casa Rosada, sede do governo argentino e que dispõe de visitas guiadas para quem quiser conhecê-la por dentro. As visitas têm que ser agendadas através do site visitas.casarosada.gob.ar, são gratuitas e têm duração de uma hora.

Um guia conta a história do prédio e mostra os principais cômodos, ilustrando com detalhes dos presidentes que já passaram por ali. O prédio data de 1873, foi projetado pelo mesmo arquiteto do Teatro Colón (que também tem visitas guiadas e é maravilhoso!) e também é considerado Patrimônio Histórico Nacional, assim como o Cabildo.

As salas são repletas de detalhes originais, embora a maioria tenha sofrido algumas modificações para modernizá-las. Um dos cômodos mais impressionantes é a Salão Branco, onde é feita a cerimônia de posse dos presidentes, e é possível ir também até o icônico balcão que dá para a praça, onde o presidente Perón fez vários discursos históricos.

A visita inclui uma olhada rápida no gabinete presidencial, que não pode ser fotografado e é a sala mais sem graça de todas. Um dos pontos altos é um retrato imenso do presidente Perón com a famosa Evita – segundo o guia, foi um escândalo na época o presidente ser retratado ao lado da esposa e sorrindo (inclusive há controvérsias se o sorriso era dele mesmo ou se o pintor se “inspirou” no sorriso de outra pessoa). Ah, e ninguém sabe ao certo a razão da cor rosa. Há várias versões, mas o mais provável é que fosse a cor da moda na época da sua construção.

Museo Casa Rosada

Na lateral direita da Casa Rosada, meio escondidinho, fica o Museo Casa Rosada – que já foi Museo del Bicentenario, uma vez que foi inaugurado em 2010 como parte das comemorações dos 200 anos da Revolução de Maio.

O acervo é uma mistura da história da república argentina com obras de artistas modernos e exposições contemporâneas, somados às ruínas do prédio original, a Aduana Taylor. Inclusive há no museu um vídeo que simula todas as modificações naquela área, desde a construção da Aduana, no século XVIII, até o formato atual.

A área dedicada aos presidentes, desde o primeiro seguindo numa sequência cronológica, é repleta de objetos e documentos de cada época. Há roupas (o vestido de casamento da Evita, por exemplo), objetos de uso pessoal, móveis… lá também fica o Cadillac adquirido pelo presidente Juan Perón, todo restaurado e brilhando como novo.

Como estávamos no meio da Copa do Mundo quando conheci o museu, estava havendo uma exposição de figurinhas da copa, contando a história da evolução dos álbuns e das diferentes seleções argentinas ao longo dos anos, cheia de curiosidades e exaltação aos mais famosos jogadores argentinos.

Foi muito interessante observar o quanto as histórias da Argentina e do Brasil têm em comum, tanto no amor pelo futebol quanto no passado conturbado por ditaduras militares. Um museu não tão famoso mas que certamente merece a visita!

Espero que gostem das dicas! Acredito que viajar é uma oportunidade única de aprender sobre outros povos, sua cultura e história, e com certeza dá para aprender muito sobre a Argentina visitando esses três lugares maravilhosos!

Convido vocês a conhecerem meu blog Entre Mochilas e Malinhas, e conferir os outros posts sobre essa viagem à Argentina. Podem me seguir também no Facebook (@entremochilasemalinhas) e no Instagram (@mochilasemalinhas).

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